terça-feira, 23 de maio de 2017

Orgia Romana

 
O texto abaixo foi publicado pela revista Playboy em Maio de 2004. Como trata do assunto do blog, resolvi reproduzi-lo na íntegra:

Está nos livros escolares, nas superproduções de cinema, nos guias turísticos de Roma. O mais poderoso império da história do Ocidente, que se estendeu por Europa, África e Ásia ao longo de seis séculos até 476 d.C., deixou duas marcas indeléveis na memória do homem moderno: duelos cruéis e orgias de arromba. A mesma sociedade habituada a reunir-se em arenas para assistir a gladiadores sangrarem até a morte sabia aproveitar as coisas boas da vida. O relato mais antigo desses banquetes foi traçado por Petrônio em 66 d.C. em Satiricon, um documento do qual só foram encontrados fragmentos. Petrônio era contemporâneo do imperador Nero (aquele que botou fogo em Roma) e produziu um rico retrato de como eram as orgias no Império Romano. Dos banhos à bebedeira, da bebedeira à comilança, da comilança à sacanagem.

A reportagem visual é uma reconstituição das orgias romanas tal como narradas por Petrônio. Também serviram de fonte de informação as descobertas feitas por arqueólogos ao examinar os restos de Pompéia, cidade afogada sob a lava do Monte Vesúvio no ano 79. Os cidadãos de Pompéia registraram seus hábitos sexuais em afrescos, mosaicos e outros objetos do dia-a-dia. Do exame desse material, deduz-se que sexo estava longe de ser vergonhoso. A relação física era encarada como um presente divino. Os cidadãos da elite do Império Romano gostavam de sexo, valorizavam os laços de amizade, mas temiam o amor. A paixão violenta que tornava um homem escravo de seus desejos era malvista. Comer e, especialmente, beber significava celebrar as delícias da mundanidade.

A apologia do prazer presente nessa filosofia de vida torna bastante compreensível que a celebração terminasse em monumentais orgias sexuais. Tamanha liberalidade surpreendeu os pesquisadores que trabalhavam em Pompéia. Em 1850, um arqueólogo alemão teve de criar uma acepção para a palavra pornografia a fim de classificar aquela arte libidinosa e obscena, sem correspondência no vernáculo da época. Até então a palavra pornografia - que vem do grego - era usada para designar o ato de escrever ou estudar a prostituição. Graças aos romanos, o termo hoje quer dizer coisa muito diferente.

BANHO
Era onde a farra começava. Os ricos instalavam termas nos palácios e transpiravam nas saunas quente e a vapor para, em seguida, recuperar as forças nas piscinas. Os banhos abriam o apetite e preparavam o corpo para a ceia e a bacanal. Imperava o pensamento "mente sã em corpo são".

O VINHO
Antes de comer, tomava-se um vinho adocicado com mel. Em seguida, eram servidos vinhos da África, de Marselha e de Falerno. Aí chegava o commissatio, uma bebedeira em que todos esvaziavam várias taças de um trago só com votos de bom augúrio aos presentes. Mais ou menos o que se faz com tequila nos bares de hoje.

PRATOS
Era preciso estômago de avestruz para encarar um banquete. Nas orgias, eles comiam com as mãos. Regalavam-se com porcos recheados com aves vivas, javalis com lingüiça e outras iguarias. Pêssegos e damascos eram trazidos da China, galinhas-dangola, da África, e cabritos, da Grécia.
BACO
Baco(no afresco) era o deus do vinho, do prazer e da sociabibilidade. Não é à toa os cultos a ele eram os mais animados. Para celebrar as honras de deus, que sempre se fazia acompanhar por um cortejo de bêbados e ninfomaníacas, bastava adentrar uma taverna e virar uns copos de vinho em sua homenagem.
ESCRAVOS
No século 1 depois d.C, Roma era o retrato de ostentação e da opulência. Os conquistadores traziam objetos de todas as partes do império conquistado: ouro, prata e mármore branco, principalmente. Mas também trazia escravos. Alem do trabalho servil, os mais belos prestavam favores sexuais ao patrão.
TRICLINIUM
Comer sentado era uma idéia inconcebível para um romano rico. No triclinium, as ceias eram servidas com os convivas acomodados em leitos com encosto, afinal a comilança era exaustiva. Deitar era indispensável para aumentar o prazer da comida. Só os pobres e bárbaros comiam sentados.
ESTIMULANTES
Para agüentar horas e horas de prazer, os romanos comiam ostras,enguias e tomavam uma bebida à base de ervas chamada satírio, um afrodisíaco potente servido antes das orgias. Mas até na Roma antiga orgia tinha limite. Aqueles que exageravam muito nos prazeres da carne e do vinho eram considerados fracos.
TEMPO
Os romanos deitavam à mesa ao final do dia e só se levantavam dez horas depois. Para cumprir as exigências fisiológicas, acenavam para um escravo com um urinol e, ali mesmo, aliviavam-se. Quando a indigestão era grande, chamavam o vomitorium(servia para isso mesmo que você está pensando)
PRIAPO
Filho de Baco e de Vênus, Priapo tinha um pênis descomunal. Era representado por seu falo imponente e adotado como deus da fertilidade pelos romanos. Anos depois, passou a representar o apetite sexual desmedido de homens e mulheres que aliviavam a solidão com os falos de madeira do deus.
ANFRITRIÃO
Os ricos competiam para saber quem seria o anfitrião da festa mais suntuosa. O dono começava a ceia e escolhia antes dos outros quem lhe serviria como sobremesa após a refeição. Usava uma coroa de louros para que não houvesse dúvidas sobre quem os convidados deveriam louvar e agradecer os prazeres da esbórnia.
CORDAX
Quando os pratos extravagantes e o vinho pesavam, era preciso descansar para preparar os ânimos para o sexo. Aí podia entrar um filósofo para falar da vida ou, melhor ainda, o cordax. Essa coreografia lasciva era dançada por beldades importadas de Cádiz. Era uma forma de animar a moçada para o sexo.
HOMOSSEXUALISMO
A relação entre dois homens era encarada com naturalidade desde que o rico não se deixasse possuir. Ou seja, veado sim, mas ativo. Ser macho significava se impor. O sexo praticado com um escravo não escandalizava. Pelo contrário, era considerado um prazer tranqüilo, que aliviava o corpo e não agitava a alma.

Fonte - Revista Playboy - Maio 2004

terça-feira, 2 de maio de 2017

As antigas ordens solares, lunares e mistas.


No mundo antigo existiam escolas e sociedades iniciáticas que tinham como objetivo formar sacerdotes, guerreiros e altos funcionários da elite e da classe política. Nessas ordens eram ensinados os fundamentos e os mistérios das religiões praticadas pela maior parte da população, e eram também praticados alguns rituais que somente tinham acesso os membros dessas sociedades.

Algumas dessas ordens aceitavam apenas homens, outras somente mulheres e outras aceitavam homens e mulheres. As que aceitavam somente homens eram dedicadas a deuses solares como Osíris, no Egito, ou Apolo na Grécia, e eram dedicados à formação da classe de guerreiros, generais, sacerdotes e funcionários de alto cargo político. 

As que aceitavam somente mulheres, eram dedicadas a deusas lunares como Ísis, no Egito, e Diana, na Grécia. Essas ordens eram dedicadas à formação das mulheres que serviam como oráculos e  vestais nos Templos das sociedades mistas.

Por fim existiam as ordens mistas que aceitavam tanto homens quanto mulheres e eram dedicadas tanto a deuses solares como lunares. Nestas ordens eram ensinados os mistérios da natureza e da ciência e eram destinados à formação da classe artística e científica como escribas, arquitetos, músicos, artesãos, sacerdotes e etc.

Segundo alguns estudiosos, os rituais de Hieros Gamos eram realizados com 13 membros dessas Ordens, geralmente 6 mulheres das ordens lunares, 6 homens das ordens solares e um membro da ordem mista geralmente homem. Cada um desses 6 homens e mulheres formavam um círculo intercalado e representavam deuses masculinos e femininos, ou os seis signos do zodíaco, ou qualquer outro simbolismo representativo do macho e fêmea. No centro do círculo ficava o sacerdote que dirigia a cerimônia.

O ritual se dava com a conjunção desses seis casais representando a conjunção dos deuses. Geralmente era realizado no equinócio de primavera, ou data próxima, pois é a data que representa a ressurreição da natureza e o perfeito equilíbrio entre o inverno (anterior e lunar) e o verão (posterior e solar). Tinha como objetivo garantir prosperidade, abundância, boas colheitas, sucesso e etc.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

A primeira tríade: A unidade, a Polaridade e a Manifestação.



Vamos começar esse blog com uma postagem sobre a primeira tríade ou o significado mágico dos três primeiros números: o um, o dois e o três. 

O um representa a unidade, o uno, o deus eterno, o incognoscível, a estabilidade não manifestada.

O dois representa o princípio da polaridade, da dualidade, da potencialidade, do fundamento. Tudo o que existe é produto da interação entre duas polaridade provenientes da unidade: macho e fêmea, positivo e negativo, ativo e passivo,  doativo e receptivo, pró-ativo e reativo e etc. Os pólos devem ser vistos de forma relativa, como o quente e o frio que só existem um em relação ao outro, e nunca em absoluto, da mesma forma que um corpo só é eletricamente negativo pois possuem mais íons do que outro, eletricamente positivo.

O três representa o número da manifestação. Provém da dualidade e é resultado da potencialidade realizada entre as polaridades anteriores. Assim, a junção entre o macho e a fêmea resulta na reprodução da vida, o positivo e o negativo resulta na eletricidade, o ativo e o passivo resulta na dinâmica, o quente e o frio na termodinâmica, e assim sucessivamente.

Veremos que toda magia sexual é representada pela união entre esses dois polos (magia polar) ou no culto do sagrado de um dos polos, masculino ou feminino (magia apolar).

O Hieros Gamos (casamento sagrado) é a união do sagrado masculino e do sagrado feminino em um ritual muitas vezes direcionado à abundância, prosperidade ou fortalecimento de uma egrégora.